Quase todas as mulheres - por que agora passei a me ver mulher, e não menina... ou ao menos assim me chamar - ao meu redor tem gatos. Eu resolvi suportar sozinha minha própria solidão. Sozinha. Gatos já nos significaram desapego. Hoje vejo pouco além de dúvidas, e lagrimas escondidas por trás de olhos brilhantes. Confesso que um miado na varanda me trás esperança. Em certos dias nublados o ronronar em meu colo acalmaria meu não-dormir.
Minha geração parece impregnada de solidão. Cada vez mais próximos, cada vez mais na multidão. E mais sozinhas. As mulheres fortes, cada vez mais frágeis. Não há um rosto que não passe um pingo de cansaço, de desesperança. Se agora fosse um filme, agora seria o momento dos vídeos curtos de confissão. E elas todas falando com vozes e línguas e palavras e sotaques diferentes exatamente as mesmas emoções. Tiraram de mim o que eu tinha de mais precioso. Onde esqueci minha paz de espírito? Não há ninguém que possa me oferecer um abraço? Me sinto sozinha e me escondo dentro de mim mesma. Me sinto solitária. Solitária. Me devorando por dentro. Solitária.
Essa solidão coletiva é quase irônica. Se não fosse solitária.
Os gatos dominando nossos corações. Os homens partindo. Os gatos nos trazendo aconchego. Os dias nos trazendo vazio.
She comes and goes |
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